Roteiro: Sul da França - parte 4: Provence - 1/2


No último dia na região de Cassis, recebemos dicas da gerente do hotel para irmos até Plan-d'Aups-Saite Baume, onde haveria trilhas, estradas lindas, etc. Meu marido, que adora uma trilha, achou que seria uma ótima ideia. E de repente, estamos lá, a cerca de 700 metros do nível do mar, no coração do maciço de Sainte Baume. A caminhada é tranquila, boa parte na sombra, mas tem que ir de tênis e roupa de caminhada - o que eu não fiz. Almoçamos num restaurante ao lado do estacionamento e de lá, seguimos em direação à Gémenos, pela rota D2 (foto acima). Essa estrada é lindíssima e cheia de curvas e marcas de freio em toda a sua extensão. Em Gémenos, fomos ao parque Saint-Pons, com moinhos, cachoeiras e uma abadia, que infelizmente estava fechada. Pelo que pudemos ver através do portão, parece lindíssima!
Vista do alto do maciço. Nosso carro está no estacionamento no centro da foto.
Trilha para o topo do maciço


No topo do Macico 

No dia seguinte, fizemos o check-out e nos despedimos do litoral, seguindo em direção à Provença. Tentamos dar uma voltinha por Cassis, mas era domingo e as ruas de acesso ao mar estavam bloqueadas e as demais, impossíveis de estacionar. Demos uma rápida passada por Marseille, mas nem chegamos a descer do carro. É uma cidade bem grande, a segunda mais populosa da França e com ares de centro de São Paulo, em algumas partes (quem lê, entenda). Vimos o centro, o porto, rapidinho pelo carro, mas não ficamos com vontade de descer. Seguimos então para o nosso destino turístico do dia: Aix-en-Provence. Esta sim, uma cidade lindinha!!!!

Fonte na entrada da Cours Mirabeau

Cours Mirabeau
Aix é uma cidade universitária e como era domingo, tudo estava muito calmo. Almoçamos num dos cafés da rua mais famosa, a Cours Mirabeau e andamos por grande parte do centro histórico. Esta é a cidade natal do famoso pintor Paul Cézanne e há um roteiro para seguir demarcado com o nome do pintor na calçada. Fomos por esse caminho e nos desviando dele em alguns momentos. Havia lojinhas lindas, muitas de chocolate artesala, porém estavam todas fechadas (não espere encontrar muita coisa aberta aos domingos nessa parte da França. Até lojas grandes como a Decathlon, fecham as portas).

O encantador da cidade é que a cada esquina, você pode se deparar com uma surepresa, como a fonte acima ou essa parede inteira de jasmins cheirosos. Saímos de lá achando que iríamos conseguir passar mais um dia passeando por Aix, mas ficou pra uma próxima.
De lá, fomos para o nosso próximo destino de hospedagem: Oppéde-le-Vieux. No caminho - sempre pelas estradas vicinais - passamos pela encantadora Taillades, com seu moinho, que fica na beira da entrada e chama atenção pela beleza.
Moinho em Taillades

A escolha de Oppéde-le-Vieux para hospedagem foi devido aos bons comentários sobre a pousada Belle de Nuit no TripAdvisor. O local parecia ser estratégico e próximo aos lugares que queríamos visitar. A cidade era um vilarejo bem pequeno, em cima da montanha, com ruínas que datam do século 12. Lá há algumas poucas pousadas e dois restaurantes. Ao chegarmos na pousada que reservamos, havia um bilhete com o nome do meu marido colado na porta. Os donos escreveram uma explicação pedindo mil desculpas por não estarem lá na nossa chegada, pois haviam ido a outra cidade encontrar amigos que não viam há 20 anos, mas que poderíamos pegar a chave numa determinada casa, explicando qual era nosso quarto, como deveríamos proceder, etc. O detalhe é que estava tudo escrito em francês! Ainda bem que ele domina e conseguimos entender tudo. A pousada é um casarão antigo, com 4 quartos. Os donos moram lá e fazem um café da manhã delicioso e diferente todos os dias, além de jantares sob demanda (tem que fazer reserva, por um preço fixo que eu já não me lembro, mas achamos caro). O dono, Roger, é um figura! Francês, porém fala muito bem inglês e espanhol. Já morou no méxico, Canadá (onde conheceu a Laurie, sua esposa) e em outros lugares do mundo. Eles oferecem bikes para alugar na própria pousada, o que é uma ótima pedida.
Oppéde-le-Vieux

Nossa suite no Belle de Nuit

Porta baixinha

Cafá da manhã sempre delicioso
Laurie e Roger, os donos da pousada

Via principal de Oppéde-le-Vieux



Igreja do século XII em Oppéde-le-Vieux
Um dos nossos planos na Provence era conhecer as feiras locais. Cada dia rola feira em uma cidade diferente, sempre até o meio dia, no máximo 13 horas. Nesse primeiro dia, fomos para Cavaillon, por orientação do dono da pousada. A feira era enorme e vendia de tudo, desde frutas, legumes, queijos e os produtos tradicionais provençais, até roupas, eletrônicos, bugiganga. Eu fiz a festa nessa banca de temperos e desde então, não sei mais cozinhar sem eles!
Feira em Cavaillon

Amelie-Poulain-wanna-be

As estradas que passamos mereciam um capítulo a parte. Uma mais linda que a outra! Passamos muitas vezes por corredores intermináveis de árvores como esse. De Cavaillon, femos para Saint-Rémy-de-Provence, onde almoçamos e passamos pela trilha de Van Gogh, que leva do centro histórico até o hospital psiquiátrico onde ele morou. Estava muito calor nesse dia, então nem tiramos fotos e o hospital é muito deprimente para o meu gosto. Não quis entrar. Mas a paisagem de alguns quadros pode-se notar nas redondezas do caminho. De lá, seguimos direto para uma das atrações que eu mais aguardava na viagem: o Carrières de Lumières, em Le Baux-de-Provence. Trata-se de uma galeria construída numa caverna, com paredões enormes, onde são projetadas obras de arte famosas ao som de música clássica. tudo muito bem produzido, com animações, sobreposições. O ingresso custa 12,00 euros e vale cada centavo. Quando fomos, o tema era Michelangelo, Leonardo da Vinci e Raphael. Lá dentro ainda é bem gelado e foi uma alívio para o calor que estávamos passando. A partir de março de 2016 o tema será Chagal. Não deixe de ir quando estiver na região!
Carrière de Lumière
Ainda deu tempo de darmos uma voltinha por Le Baux-de-Provence, que é uma cidade medieval, em cima da montanha, toda branca. Bem bonitinha também.
Praça em Le Baux-de-Provence
No dia seguinte, fomos a Gordes para mais uma feira, a minha preferida da viagem! Encontramos sabonetes muito cheirosos e realmente artesanais, diferente dos milhares que víamos vendo a viagem toda. A feira tem menos bugiganga e mais produtos provençais. Compramos geléia, manteiga de caramelo e azeite de oliva. Em Gordes, fica um dos cartões-postais da Provence, a Abadia de Notre-Dame de Sénanque. Neste local, há uma plantação de lavanda, porém estava tudo bem verde ainda.
Abadia de Notre-Dame de Sénanque
Apesar de não ter lavanda roxinha na Abadia, na estrada, vimos as flores pela primeira vez. Parece bobeira, mas é emocionante, pois é algo muito diferente para nós brasileiros. E onde tem uma plantação de lavanda, tem gente tirando foto!:)


As três plantações que veríamos de forma abundante: lavanda, trigo e vinhas.


Da Abadia, seguimos direto para Roussillon, que é considerada uma das vilas mais lindas da França. Eu gostei muito de lá. A cidade, ao contrário de Le Baux-de-Provence, que é branquinha, é toda em tom ocre, pois há uma mina enorme desta argila.


Tudo é sempre perfeitamente enfeitado com flores

Prefeitura de Roussillon
No nosso último dia em Oppéde, resolvemos alugar bikes (21,00 euros/pessoa) para conhecermos outras cidades na região. Pegamos um mapinha e explicações com o Roger, e seguimos por estradinhas, que hora são exclusivas para bike, hora são compartilhadas com carros e às vezes pegávamos a estrada maior. Logo na saída de Oppéde, nos deparamos com uma plantação de cerejas na beira da estrada. Nem precisávamos descer da bike para comê-las. Fizemos a festa! Achamos várias outras pelo caminho.

Menérbes ao fundo
Papoulas também estão por toda parte
O plano era ir até Bonnieux. Passamos primeiro em Menérbes (6km, mais ou menos de Oppéde), onde não achamos muita graça. De lá, fomos para Lacoste (6,5km). Nessa vila, viveu o Marquês de Sade num castelo, que hoje pertence ao Pierre Cardin e que se paga para conhecer. Vimos só por fora, pois é necessário agendar a visita. Há diversas obras de arte e o castelo, mesmo por fora, é bem legal.

Castelo do Marquês de Sade, que hoje pertence ao Pierre Cardin








Café de France, com Bonnieux ao fundo
Paramos para almoçar na entrada do centro histórico de Lacoste, no Café de France e o plano era darmos uma volta pela cidade após. Porém de repente, caiu um temporal que durou mais de 2 horas e tivemos que ficar dentro do restaurante esperando a chuva passar. Então, acabamos não conhecendo muito da cidade e seguimos para Bonnieux (5,5km).
Cedros ao redor da Igreja Antiga em Bonnieux

A estrada entre as duas cidades é linda, cheia de flores, com algumas subidas e muitas descidas. Bonnieux me pareceu maior que Lacoste e as maiores atrações são a igreja antiga e a floresta de cedros trazidos do norte da África durante o império Napoleônico.
Do centro de Bonnieux, andamos mais ou menos 4,5km até a Pont Julien, que é uma ponte sobre o rio Cavaillon (que estava seco), da época do Império Romano, datada do ano 3 A.C. É muito incrível ver algo tão antigo ainda praticamente intacto. E esse foi o fim do nosso passeio. Pertinho da ponte, há uma estrada exclusiva para bikes, totalmente plana, que nos levou até Oppéde, com cerca de 15km. Recomendo muitíssimo fazer um passeio de bicicleta na França!
Pont Julien
Para ver mais dessa viagem, clique aqui, aqui, aqui e aqui.

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